sábado, 11 de julho de 2009

A Fuga do Vale das Saudades

Ando meu saudosista o que de certa forma não deixa de ser triste. Mais cedo esta eu na estrada me mergulhado no vazio da solidão de meu carro, potencializada pela chuva. Solidão essa que há tempos não sentia. Eu precisava vê-la. Parei o carro, ia lhe dizer tudo que nunca disse, ou que talvez não tivesse palavras que descrevesse. Andei sob a chuva em meu rosto me trazia lembranças dos nossos primeiros encontros, de ter ficado horas com ela sentado sob as marquises dos prédios ao centro de minha cidade, próximo da praia. A ilha fica ainda mais bela sob a chuva. Lembrei de lhe deixar no ponto de ônibus, de um ate logo com meus lábios tocando os seus. Pensei na noite de ano novo, a primeira que passamos juntos, abraçados, um sono completo como que descreve Adriano. Meus pés seguiam fixos sobre ao chão de pedras pretas e brancas. As poças refletiam as luzes dos postes. Lembro da luz do poste naquela noite de nove de setembro, quando depois de tocar eu a levei em casa, quando percebi o quanto eu a amava. Ela pediu pra eu provar. Segui com passos firmes, entrei no shopping, no mesmo que fui ao cinema a primeira vez com ela, subi as escadas e a fitei. Seus óculos nunca me disseram tanto. Veio-me o frio subindo pelas costas, tremia. Só queria dizer o quanto era para mim... Não consegui. Fui ao banheiro, lavei o rosto e tentei de novo. Dessa vez meus olhos cruzaram com os delas. Senti-me fraco, inútil, desprezível. Seus cabelos, sua pele, seu corpo esguio... Como queria tudo isso tocando meu corpo. Na escada eu estive tão só como nunca, não ouvia o borbulhar das pessoas. Reinou o silencio, estava somente eu e ela. Abaixei minha cabeça, caminhei solitário e não solidário comigo mesmo, e entre os prantos abafados, fugi do vale das saudades.

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